Porque a MODA DIGITAL tem sido considerada uma nova prática de consumo e produção sustentável?
A preocupação com o meio ambiente é pauta central em muitos setores, incluindo a moda. O conceito de moda sustentável abrange práticas como o slow fashion, reciclagem, upcycling, e zero waste, integrando o ciclo completo de produção e consumo. Outro tópico tem caminhado para fazer parte desse grupo, sendo ele a moda digital.
Cada vez mais há discussões a cerca da possibilidade de revolução da indústria têxtil pela moda digital, especialmente quando aliada a práticas sustentáveis. Embora o conceito de roupas digitais ainda esteja ganhando espaço e a tecnologia não tenha se tornado totalmente imersiva para o público em geral, há aspectos práticos e sustentáveis que estão transformando a forma como as peças de vestuário são criadas e comercializadas.
A busca por um futuro mais sustentável na moda implica uma transformação no perfil do consumidor. Acredito que, hoje, muitos consumidores procuram entender de onde vem e para onde vai a roupa que vestem, questionando não apenas a matéria-prima utilizada, mas também as condições em que a peça foi produzida. Há uma tendência de mudança de comportamento: o futuro da moda sustentável está diretamente ligado ao perfil do consumidor atual, que busca entender a origem e o ciclo de vida das roupas.
Perguntas como “Quem fez minha roupa?”, “Qual a matéria-prima utilizada?” e “Como posso reaproveitar essa peça?” são cada vez mais comuns.
Redução de Resíduos: Na moda tradicional, a criação de amostras físicas e peças piloto requer um grande consumo de materiais como tecidos, linhas e aviamentos, muitos dos quais acabam sendo descartados após ajustes e revisões. Com a adoção de softwares 3D, como o CLO3D e o Sistema Audaces, por exemplo, é possível criar protótipos digitais de roupas com precisão e realismo, permitindo que estilistas visualizem o design e o caimento de uma peça sem a necessidade de criar inúmeras versões físicas. Essa abordagem não só economiza recursos materiais, mas também diminui o uso de energia envolvida na produção e transporte de amostras, contribuindo para a redução da pegada de carbono da indústria. Com menos resíduos gerados, as marcas podem adotar um processo de produção mais sustentável e consciente, o que é fundamental em uma época em que consumidores e reguladores exigem mais responsabilidade ambiental.
Redução de Emissões de Carbono: Com menos necessidade de amostras físicas sendo transportadas entre diferentes locais para aprovação e revisão, a logística envolvida na moda tradicional pode ser significativamente reduzida. Menos viagens de ida e volta entre fábricas, designers e varejistas resultam em menos consumo de combustíveis fósseis e uma menor pegada ambiental. Além disso, a economia de energia na produção de amostras e protótipos físicos também diminui a emissão de gases de efeito estufa, ajudando a indústria a se alinhar com práticas mais sustentáveis e a atender a crescente demanda dos consumidores por transparência e responsabilidade ambiental.
Sustentabilidade no Ciclo de Vida do Produto: Com o uso de simulações digitais, é possível planejar com mais precisão a quantidade de peças a serem produzidas, evitando superprodução e excesso de estoque, que são problemas comuns na moda tradicional e resultam em grandes volumes de desperdício. A eliminação ou redução significativa de sobras de tecidos e materiais auxilia diretamente na diminuição do impacto ambiental causado pela produção de vestuário, que historicamente é a segunda maior indústria poluente do mundo, ficando atrás apenas da petrolífera.
Economia de tempo e custo. O tempo é um fator crítico na moda, e o uso de tecnologias digitais acelera radicalmente o processo de desenvolvimento de novos produtos. Na moda tradicional, levar uma peça do conceito ao mercado pode envolver diversas iterações de amostras físicas e ajustes, consumindo semanas ou até meses. A moda digital permite que estilistas façam todas as alterações diretamente no ambiente virtual, ajustando caimentos, proporções e cores em tempo real.
Essa velocidade não apenas reduz os custos de produção de amostras físicas, mas também permite que as coleções sejam lançadas mais rapidamente.
Sim, é possível ver os resultados finais das peças com precisão antes mesmo da fabricação começar. Isso é feito através de simulações realistas que consideram o caimento, a textura e as cores dos materiais.
O 3D permite que as marcas criem campanhas visuais que vão além do físico. Ao invés de organizar sessões de fotos dispendiosas, com locações, figurinos e equipes, as empresas podem gerar cenários e modelos completamente digitais, com flexibilidade para alterar qualquer detalhe conforme necessário. Isso não só reduz custos, mas também permite uma consistência visual que é difícil de alcançar com meios tradicionais.
Digitalmente e internacionalmente. A moda digital facilita a colaboração entre designers e marcas em diferentes partes do mundo, que podem trabalhar simultaneamente em projetos sem a necessidade de se encontrarem fisicamente. Essa forma de colaboração global enriquece a diversidade criativa e possibilita o desenvolvimento de coleções de maneira mais ágil.
Matéria escrita em outubro/2024.